A vereadora Edna Sampaio (PT) classificou como “escárnio” a aprovação pela Câmara de Vereadores de Cuiabá de uma moção de aplausos à Polícia Civil do Rio de Janeiro, em razão da operação realizada no morro do Jacarezinho, na última passada.
A ação resultou em 28 mortes — 27 criminosos, segundo a polícia – e um policial. A proposta partiu do vereador Kássio Coelho (Patriota) e acabou sendo aprovada com 12 votos favoráveis, três contrários e uma abstenção.
“Achei um escárnio, além de uma insensibilidade e incompreensão do papel daquela Casa. Fizeram apologia ao crime. A Casa mostrou que realmente é uma ‘Casa dos Horrores’”, disse ela, em alusão à pecha que é carregada há anos pela Câmara de Cuiabá.
A sessão que marcou a aprovação do requerimento teve um clima bastante tenso, com momentos de bate-boca a vereadora Edna e colegas que se posicionaram favoráveis à homenagem.
Em entrevista à Rádio CBN Cuiabá, a petista disse que aquilo que ocorreu no Rio de Janeiro não pode se repetir em lugar nenhum e ainda apontou que a ação desde o princípio continha indícios de ilegalidade.
Ela citou, por exemplo, que a operação visava a localização de 21 pessoas indicadas em um processo e que deste, três foram localizados e acabaram mortos.
“Dos 21, 18 não foram localizadas e 28 pessoas foram mortas, sendo um policial. Então, é uma operação em que desrespeitou uma decisão da Suprema Corte e na qual tivemos como saldo 28 mortes”, disse.
“Como uma Câmara, uma Assembleia pode aplaudir uma ação que claramente teve desvio de conduta?”, questionou a vereadora.
Por fim, Edna argumentou que, mesmo nos Países em que se pratica a pena de morte, ela é antecedida de um devido processo legal.
“Não existe País civilizado onde a pena de morte é executada sumariamente sem processo legal. Para sofrer uma decisão da justiça de pena de morte, você passa por um processo, é acusado, tem direito a defesa”, alegou.
“O que acho é que fizemos uma apologia ao crime. Lamentavelmente e criminosamente. A Câmara diz [ao aprovar a moção] que as pessoas estão autorizadas a matar. Não existe em nosso ordenamento jurídico algo que diz que alguém esteja autorizado a matar. Muito menos um servidor público. O Estado não é e não pode ser um estado assassino. Policiais não são contratados para ser assassinos do estado”, concluiu ela.