O Ministério Público de Mato Grosso vai pedir a instauração de um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias de um sobrevoo que foi realizado por um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública, na manhã desta quinta-feira, nas proximidades de uma escola particular de Cuiabá.
Durante o voo, uma bandeira do Brasil foi empunhada por um dos tripulantes da aeronave.
A ação inesperada assustou os alunos do Colégio Notre Dame de Lourdes.
O episódio gerou polêmica em razão de ter ocorrido um dia após o afastamento de uma professora da unidade, que fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro durante uma aula a alunos do 3º ano.
Para alguns, o ato desta manhã foi interpretado como uma espécie de intimidação das forças de segurança pública do Estado.
Conforme o Ministério Público, o pedido de inquérito partiu do promotor Paulo Henrique Amaral da Mota, que atua na área militar. O documento será encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar.
A ação repercutiu também na Assembleia Legislativa do estado. O deputado estadual Lúdio Cabral, do PT, disse que entrará com uma ação judicial para que o governador Mauro Mendes e o secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, respondam pelo uso indevido de recurso público para fins privados.
“Não tem sentido, não tem lógica, um helicóptero da segurança pública, servidores públicos e recursos públicos serem usados para fins privados. O governador do Estado e o secretário têm que responder por esse uso indevido de recursos públicos”, disse.
“A ação ainda ocorre em momento absolutamente inapropriado, em que o País passa por ameaças pesadas à convivência democrática”, emendou o deputado.
Após a polêmica, a escola afirmou que, desde o último dia 30, os alunos estão celebrando a Semana da Pátria. E, nesse contexto, estão sendo trabalhados os símbolos nacionais.
O secretário de Segurança, Alexandre Bustamante, afirmou que o sobrevoo ocorreu a pedido da escola.
Ainda conforme ele, a bandeira do Brasil foi mostrada aos alunos sem nenhuma conotação política, mas no intuito de demonstrar ‘patriotismo’.
“Como parte das atividades da Semana da Pátria realizada pelo Colégio anualmente, o Ciopaer realizou um sobrevoo no local, a pedido da própria instituição educacional. A Sesp destaca que não coaduna com posicionamentos políticos no âmbito do serviço público e que qualquer excesso cometido pelos servidores da Pasta neste sentido será motivo de medidas administrativas”.