Para manter o equilíbrio do bioma pantaneiro, minimizar riscos de doenças aos animais e evitar a criação de hábitos negativos para a sobrevivência da fauna, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) orienta a não suplementação alimentar de animais no Pantanal neste momento.
Equipe técnica do órgão que monitora o bioma e os pesquisadores consultados avaliam que, com a redução de mais de 93% nos focos de incêndio no Pantanal Mato-grossense (comparado ao ano passado), a vegetação ainda consegue suprir as necessidades básicas dos animais como refúgios e alimentação.
“Mesmo submetidas a um estresse hídrico histórico, as áreas não atingidas pelo fogo em 2021 apresentam condições de oferecer alimento natural e refúgio à fauna silvestre, conseguem receber os indivíduos que fugiram das áreas de incêndios e suprir suas necessidades alimentares”, aponta a nota técnica.
O parecer oficial da Secretaria é assinado por especialistas da Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros da Sema, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Pantanal (Embrapa), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Conforme a Nota Técnica, as observações em campo mostram que a fauna silvestre avistada mantém um escore corporal esperado para o período, não apresentando sinais visíveis ou significativos de desidratação e desnutrição que justifique a necessidade de interferência emergencial como a suplementação alimentar, dessedentação e translocamento dos animais silvestres, com exceção de casos específicos que foram identificados.
A Sema alerta que qualquer ação ou interferência sem a devida avaliação técnica poderá impactar negativamente a fauna e o ambiente. A atenção deve estar voltada principalmente àquelas espécies ameaçadas de extinção, como a Onça-pintada, o Cervo-do-pantanal, a Ariranha e a Arara-azul.
“Apesar de estarmos passando pela estiagem, que diminui a disponibilidade de água, a seca ainda é um evento que ocorre na estação climática prevista em situação normal do pantanal que é regulado por pulso de cheia anual, com períodos secos e chuvosos”, cita o documento.
Segundo a nota técnica, o Pantanal oferece alimentação natural e, exceto casos pontuais, não é indicada em hipótese alguma a suplementação alimentar aos animais silvestres.
Entre os riscos, a transmissão de doenças, a habituação, a ceva, e alterações de comportamento social intra e inter específico, que prejudicam a habilidade da fauna silvestre na busca e captura do seu alimento natural.
“Qualquer interferência não deve estar associada a interesses humanos, que não seja o de preservar e conservar a fauna silvestre, nem movidos pela emoção, evitando prejudicar o sistema como um todo”.