Em uma sessão marcada por intenso bate-boca e troca de farpas entre os vereadores, a Câmara de Cuiabá rejeitou, na manhã desta terça-feira (9), o pedido de abertura de comissão processante contra o prefeito afastado da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB).
Foram 17 votos contrários à abertura e 6 favoráveis. Foi registrada, ainda, uma abstenção. (Veja abaixo como votou cada parlamentar).
Emanuel foi afastado de suas atividades no dia 19 de outubro, no âmbito da Operação Capistrum.
A ação apura um suposto esquema de contratações ilegais de servidores na secretaria de Saúde, como forma de atender interesses políticos e garantir a governabilidade do prefeito.
Além disso, há suspeitas de pagamento do chamado Prêmio Saúde, sem critérios específicos e cujos os valores variavam de R$ 70 a R$ 5,8 mil.
Veja como votou cada vereador:
Paulo Henrique – Não
Luiz Fernando – Não
Cezinha Nascimento – Não
Adevair Cabral – Não
Chico 2000 – Não
Demilson Nogueira – Não
Dídimo Vovô – Não
Diego Guimarães – Sim
Dilemário Alencar – Sim
Edna Sampaio – Não
Eduardo Magalhães – Abstenção
Kassio Coelho – Não
Lilo Pinheiro – Não
Marcrean Santos – Não
Marcus Brito – Não
Maria Avalone – Não
Michelly Alencar – Sim
Pastor Jeferson – Sim
Mario Nadaf – Não
Rodrigo Arruda Sá – Não
Sargento Joelson – Sim
Sargento Vidal – Não
Tenente coronel Paccola – Sim
Wilson Kero Kero – Não
Intensas trocas de acusações
Como já era esperado, vereadores de base e de oposição trocaram uma série de farpas ao longo desta manhã.
Um dos primeiros a subir à tribuna, o vereador Diego Guimarães (Cidadania) alertou os colegas sobre uma possível omissão da Casa, caso o processo viesse a ser arquivado – tal como ocorreu.
“Não façamos desta Casa a casa da omissão e da impunidade. Somos responsáveis pelo julgamento político e administrativo do prefeito”.
Na sequência, a vereadora Michelly Alencar (DEM) questionou os argumentos usados por alguns membros da base, dando conta de que eles não teriam nada a temer em relação à possível investigação.
“Não é o momento de embates entre nós. Tenho um posicionamento claro. Se não há o que temer, não tem porque não abrir a comissão”, afirmou.
Também membro da oposição, o vereador Dilemário Alencar (Podemos) chegou a levantar uma camisa na tribuna com os dizeres “Fora, Emanuel”.
“Não tem desculpas. Quem não votar para abertura da comissão hoje é porque está leniente no combate da corrupção. Quem não votar para abertura dessa comissão está deixando sua digital apoiando o prefeito em um dos maiores escândalos de corrupção da história de Mato Grosso”, disse ele.
A vereadora Edna Sampaio (PT), por sua vez, classificou o processo de abertura de comissão processante como “vazio, oco, sem fundamento e imprestável”.
“Não podemos nos deixar enganarmos por aqueles que se apresentam como justiceiros. Não podemos abrir comissão para fazer espetáculo da política. É preciso ter responsabilidade e apresentar uma proposta consubstanciada. O PT considera gravíssimas as denúncias que envolvem o chefe do Executivo, mas a investigação deve ocorrer dentro da legalidade e com elementos jurídicos necessários para processar”, argumentou ela.
Membro da base do prefeito afastado na Casa, Luiz Fernando (Republicanos) ainda acusou parte dos colegas – sem nominar– de “falsos moralistas”.
“Aqui tem um grupinho que adora fazer teatro. Vocês têm que aprender a respeitar seus companheiros. Vocês fazem chantagem baixa aqui nesse parlamento. Prefeito está no cargo porque a sociedade assim o quis. Devemos fazer nosso papel e o MPE está investigando. Não vamos cair em ‘conversinha’ de vereadores que fazem ‘balela’ nesta Casa”.