Uma mãe acionou a Defensoria Pública há cerca de oito anos para mover uma ação contra o Estado e o hospital a fim de apurar suposto erro médico, solicitar tratamento e equipamento para seu filho cadeirante. Alguns processos tiveram sentença, porém o que tratava da conduta médica desapareceu.
Desde que o filho operou de um tumor cerebral, em 2013, Sueli Pereira vem travando uma verdadeira batalha na Justiça para acessar prontuários médicos e ressarcimento por gastos que não foram cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, a família cobra apuração sobre possível irregularidade na conduta médica dos profissionais que operaram o jovem por quatro vezes. Duas para remoção do tumor, uma para colocação de sonda e uma para reparo de cicatriz aberta.
Ela conta que foi preciso acionar a Justiça para que o rapaz fosse operado, sob risco de morte se a intervenção demorasse. Na época, o paciente Vitor Hugo Pereira tinha 17 anos e os sinais de que algo não ia bem começaram a aparecer como fortes dores de cabeça, que evoluíram para apagões e falta de controle sobre os movimentos.
Ela narra que não era possível deixar o filho sozinho ou mesmo se deslocar sem supervisão, pois as quedas eram constantes.
Após as cirurgias, que foram feitas no então Hospital Geral Universitário (HGU), o paciente passou 15 dias em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outros 65 em isolamento, se alimentando por sonda.
Após receber alta médica, o paciente foi para casa e uma nova ação pedindo equipamentos como cadeira de rodas, cama especial, tratamento de reabilitação e cadeira de banho foi movida pela Defensoria.
Além desses, um dos processos exigia revisão dos prontuários, apuração da conduta e indenização por conta da condição do rapaz. Hoje aposentado por conta da deficiência.
“Eu sempre ia na Defensoria ou falava por telefone. O que me diziam é que esse processo, do erro médico, estava parado. Depois que foi marcada uma audiência, mas eu nunca fui chamada. Trocou a defensora e eu continuei perguntando e cobrando como estava o andamento, o que me falaram é que não tem processo nenhum sobre isso. Fui em advogado particular e ele também não achou. Como não tem se a antiga defensora me falou que estava esperando decisão?”, explica a mãe indignada.
A família mora na área rural de Campo Verde e o acesso à Defensoria ocorria semanalmente, nas vezes em que o jovem seguia para fisioterapia e fonoaudiologia na cidade que fica a 45km da casa onde moram.
Após as cirurgias, o rapaz perdeu boa parte da visão, fala com muita dificuldade, ficou com o lado direito paralisado e não anda.
“Eu quero saber onde está esse processo que eles me garantiram que estava demorando a tramitar. A última resposta que tive foi no dia 29 de junho, dizendo que olhou no sistema e que o processo estava em Cuiabá aguardando parece do juiz. Quero respostas. Meu filho tinha uma vida normal e promissora, não posso cruzar os braços e ver ele assim”, diz a mãe revoltada.
Conforme a mãe, posteriormente soube que outras pessoas também estavam na mesma condição. Acreditavam que as ações solicitadas estavam em andamento, porém elas sequer tinham sido instauradas. Em alguns casos a nova gestão pode iniciar o processo, mas outros mais antigos tinham prescrito, como é o caso de Vitor Hugo.