O deputado estadual João Batista (Pros) afirmou que uma das teses relacionadas às diversas denúncias de fraudes no concurso da Segurança Pública em Mato Grosso apontam para o envolvimento de uma facção criminosa na seleção.
O interesse do grupo criminoso, na perspectiva do deputado, poderia se dar pelo fato de a facção utilizar das fraudes como mecanismo de inserção de bandidos dentro das forças de segurança do estado.
Em entrevista ao Jornal da CBN Cuiabá, na manhã de quarta-feira (23), o deputado afirmou que as denúncias de fraude geram muito apreensão uma vez que as carreiras em disputa são altamente operacionais e não apenas administrativas.
“Isso gera uma preocupação muito grande porque estamos falando não do ingresso de pessoas no setor administrativo, mas em uma área que é extremamente estratégica para o controle da sociedade”, declarou.
“Tivemos um grupo em Cáceres em que as pessoas se uniram para poder burlar o concurso público. Já ouvi tese de que poderia ser uma jogada política para prejudicar um ao outro, mas que também pode ser um trabalho de facção criminosa, no intuito de inserir dentro das forças de segurança pessoas dessa facção”, acrescentou.
O deputado, que tem o setor da Segurança Pública como base eleitoral, declarou afirmou também que este tipo de atuação estratégica por parte do crime organizado não seria novo, uma vez que os criminosos já tentaram prática semelhante em outros lugares.
Sem citar um caso em específico, o parlamentar afirmou que em outros estados e até mesmo nacionalmente há investigações em curso que miram desmantelar o trabalho das facções em inserir criminosos no meio político.
Denúncias
As provas para o concurso, que abrange 7 carreiras da segurança pública, foram realizadas no domingo (20) em 7 cidades de Mato Grosso e em um município de Goiás.
O concurso é voltado para preenchimento de vagas no cadastro reserva. Contudo, a expectativa em torno da seleção foi aumentada com declarações do governador Mauro Mendes (União Brasil) de que o Estado poderia nomear até 1,2 mil aprovados até o final deste ano.
Com a aplicação das provas, diversas denúncias foram surgindo. Em um dos casos, quatro pessoas foram presas em Cáceres por tentativa de fraude. Nesta ocorrência, um professor de cursinho teria recebido R$ 50 mil para realizar a prova no lugar de um aluno e repassar as respostas para outros 2 candidatos.
Contudo, conforme divulgado pela reportagem, mais de 100 denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público de Mato Grosso sobre supostas irregularidades na aplicação do concurso.
Dentre os apontamentos estão denúncias de que houve ausência de detectores de metal nos locais de provas, celular vibrando em sala de aula, candidatos que entraram nas salas após o encerramento do horário, além de pessoas que tiraram selfies (autoretrato) ou foto dos cadernos de prova.