É falsa a declaração do candidato ao Governo do Estado, pastor Marcos Ritela (PTB), dando conta de que há uma tentativa de venda dos vagões do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) para sucata. A declaração é vista como uma “alfinetada” ao atual governador e candidato à reeleição, Mauro Mendes (União Brasil).
Mendes decidiu pela mudança do VLT – projetado para a Copa do Mundo de 2014 e que até hoje não foi concluído – para o Ônibus de Trânsito Rápido (BRT, em inglês). Ele, inclusive, já assinou o contrato para o início das obras do novo modal em Cuiabá e Várzea Grande.
Quanto ao VLT, o governador entrou com uma ação na Justiça contra o consórcio responsável pela obra pedindo o ressarcimento de R$ 1,2 bilhão, valor atualizado do gasto, além da retirada de toda a estrutura, incluindo os vagões.
A decisão foi tomada após rescisão contratual com o consórcio, que está envolvido em suspeitas de corrupção e pagamento de propina para agentes públicos. Em nenhum momento o governo fez qualquer menção no sentido de vender as composições para sucata.
A CBN Cuiabá integra o Programa Núcleos de Checagem Eleitoral, liderado pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), e apurou o conteúdo de desinformação.
Conteúdo investigado: Vídeo publicado pelo candidato ao Governo do Estado de Mato Grosso, pastor Marcos Ritela, em suas redes sociais. Veja abaixo:
Como investigamos: Buscamos informações junto ao Governo do Estado e ao Consórcio VLT Cuiabá e Várzea Grande.
Conclusão da CBN: Trata-se de uma desinformação a declaração do candidato Marcos Ritela de que “estão querendo vender” os vagões do VLT para sucata, induzindo os eleitores a acreditarem que as composições podem ser comercializadas a valores bem aquém do montante já investido.
A gravação é feita próxima ao local em que os vagões estão armazenados. Ritela diz que, caso seja eleito, irá concluir a obra do VLT.
“Há 10 anos está ali toda a estrutura praticamente pronta e agora estão querendo vender para sucata e acabar. Nós não vamos aceitar isso, tá muito fácil, só falta à mão de obra. Todo o equipamento está aqui e estão querendo voltar ao retrocesso. Isso é inadmissível, nós vamos concluir o VLT”, disse o candidato.
Os vagões estão armazenados em um terreno ao lado do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande. De acordo com o Governo do Estado, os vagões não pertencem ao Estado, mas sim, ao consórcio responsável pela obra. Ainda segundo o Executivo Estadual, o consórcio é o responsável pelo pagamento do aluguel do terreno e pela guarda dos veículos.
A tendência é que os vagões fiquem lá até que a Justiça tome uma decisão com relação a ação de ressarcimento que o Estado entrou contra o consórcio no valor de R$ 1,2 bilhão, montante atualizado do gasto do poder público na obra.
Na ação, o Governo ainda pede a retirada de toda a estrutura do VLT em Cuiabá e Várzea Grande, inclusive os vagões.
Em declarações recentes, o governador Mauro Mendes negou que estaria tentando vender os vagões. “Se eles [consórcio] quiserem vender, podem vender, e depositar o dinheiro em uma conta judicial. Mas não é o Governo do Estado que vai colocar uma pastinha de baixo do braço e sair por aí vendendo isso”, disse.
“Nós não vamos vender o que não é da nossa propriedade. Na ação nós dizemos: isso é de vocês, levem embora e devolvam o dinheiro do Estado de Mato Grosso”, acrescentou Mendes.
Já o Consórcio VLT disse, por meio de nota, que sempre esteve à disposição do Governo do Estado e das demais autoridades competentes para a construção de uma solução que permita a retomada e conclusão da implantação do VLT.
“O Consórcio VLT segue aguardando o entendimento do Judiciário sobre os motivos da não conclusão da implantação do modal”, diz a nota.
Mudança
A decisão de troca do VLT pelo BRT foi tomada pelo governo, após rescisão contratual com o consórcio, que está envolvido em suspeitas de corrupção e pagamento de propina para agentes públicos.
O esquema foi revelado pelo ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa, em sua delação premiada, e resultou na deflagração da Operação Descarrilho, em 2017, pela Polícia Federal (PF).
As obras do VLT, entretanto, já estavam paralisadas desde 2014.
A justificativa do Governo para a substituição é que o BRT trará melhor mobilidade urbana para os moradores de Cuiabá e Várzea Grande, com os demais ônibus podendo utilizar o novo corredor.
Outra vantagem, segundo o Governo, é que o BRT tem uma tarifa mais acessível em relação ao VLT e poderá ser expandido para outras regiões, a um custo menor do que a construção de novos trilhos.
A obra está orçada em R$ 480,5 milhões e prevê construções de 46 estações, de um terminal na região do Coxipó e outro no CPA, e a reconstrução do Terminal André Maggi, em Várzea Grande.
O projeto prevê ainda a construção de um viaduto para passagem do BRT na rotatória das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Beira Rio, de uma nova ponte sobre o Rio Coxipó, a criação de um parque linear na Avenida do CPA, a requalificação do Largo do Rosário e demais adequações no trânsito.
O VLT
O VLT teria 22,2 km de extensão dividido em duas linhas. A primeira linha seria implantada ligando o Centro Político Administrativo (CPA), em Cuiabá ao Aeroporto Internacional de Cuiabá, em Várzea Grande, já a segunda linha ligaria a Região do Coxipó ao Centro Sul, ambas em Cuiabá.
O custo total da obra estava estimado inicialmente em R$ 1,4 bilhão e R$ 1.066.132.266,32 foram repassados ao Consórcio VLT.
Por que investigamos: O Programa Núcleos de Checagem Eleitoral, liderado pela Abraji, apura conteúdos relativos às eleições em Mato Grosso e ao processo eleitoral que atinjam alto grau de viralização. O candidato ao Governo do Estado mente à população ao afirmar que existe uma intenção de venda dos vagões do VLT, o que não ocorre na prática.
Conteúdos falsos ou enganosos que envolvem o dia a dia do cidadão causam prejuízos ao processo democrático e atrapalham a decisão do eleitor, que deve ser tomada com base em informações verdadeiras.
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