THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
O advogado Rodrigo Pouso, que faz a defesa da família que teve a casa invadida na noite desta segunda-feira (28) pelo delegado de Polícia Civil Bruno França Ferreira, vai pedir o afastamento dele na Justiça.
Como já noticiado pela CBN Cuiabá, o delegado arrombou a porta da casa da família, no condomínio Florais do Lagos, e entrou no local fazendo uma série de ameaças.
Na ocasião, ele disse estar no local em razão da empresária Fabiola Cássia Garcia Nunes ter supostamente descumprido uma medida protetiva que a impedia de se aproximar do enteado dele, de 13 anos. A defesa diz que a mulher não tinha conhecimento de tal medida.
A situação foi parar na delegacia e, por lá, o delegado gritou e xingou o advogado.
França ingressou nos quadros da Polícia Civil em Mato Grosso há cerca de sete meses e está em estágio probatório. Nesse estágio, é analisado se você tem aptidão e capacidade para desempenhar as funções do cargo em que foi aprovado. Se cometer algum erro considerado grave, pode perder o cargo.
“Delegado em estágio probatório, que com essa atitude mancha a classe, não merece ser efetivado. E precisa ser afastada imediatamente, pois é um risco iminente à sociedade”, disse Pouso nas redes sociais.
“Mas uma coisa é certa, delegado, pegou no fio desencapado. Irei tomar todas as medidas cabíveis pela brutalidade e os crimes que o senhor praticou contra a família da minha cliente e contra este advogado”, acrescentou.
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil já informou que vai apurar a conduta do delegado.
A instituição informou que tal ação foi de decisão exclusiva da autoridade policial.
“A Corregedoria da Polícia Civil está apurando os fatos e tomará as medidas legais cabíveis ao caso em questão”, disse.
O caso
Tudo teve início em função de um suposto desentendimento entre o enteado do delegado e o filho da mulher, quando a família ainda morava no Alphaville I. A fim de evitar mais problemas, a mulher teria se mudado para o Florais dos Lagos.
Porém, na segunda, o adolescente teria ido até o atual condomínio da mulher para jogar bola com amigos, e eles acabaram se encontrando. O menino então teria ligado para o padrasto, que foi até o local abordar as vítimas.
Toda a situação foi registrada por câmeras de segurança instaladas na sala da casa da vítima. O delegado estava armado e acompanhado por outras três policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE), que também portavam armas.
Na gravação, de pouco mais de três minutos, é possível ver ele chutando a porta para invadir a residência, manda a mulher deitar no chão sob xingamentos e ameaças.
No vídeo, ainda é possível ouvir o choro e desespero de uma criança de 4 anos, filha da mulher, que estava no local no momento do episódio. Também é possível ouvir o marido da vítima pedindo calma ao delegado.
“A senhora sabe que tem uma medida protetiva para não chegar perto do [cita o nome de um menor]. Vamos sentar aqui e vamos esclarecer isso”, diz o delegado, que começa a caminhar pela sala com arma em punho.
Logo depois, ele volta e fala para o marido da mulher que vai “explodir a cabeça dela”. “Você sabe e a próxima vez que ela chegar perto do meu filho, vou estourar a cabeça dela. Vou explodir a cabeça dessa f* da p*”, diz.
Em nota à imprensa, o delegado Bruno França acusou a empresária Fabiola Cássia Garcia Nunes de “perseguição” contra o enteado dele.