A corregedoria-geral da Polícia Civil ainda avalia a abertura de uma sindicância contra o delegado Bruno França, flagrado invadindo uma residência no condomínio Florais dos Lagos, na noite da última segunda-feira (28).
Armado e na companhia de três agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE), França gritou e xingou a mulher, além de ter ameaçado “estourar a cabeça dela” a tiros.
Na ocasião, ele disse estar no local em razão de a empresária Fabiola Cássia Garcia Nunes ter supostamente descumprido uma medida protetiva que a impedia de se aproximar do enteado dele, de 13 anos. A defesa diz que a mulher não tinha conhecimento de tal medida.
“Estamos fazendo um procedimento preliminar para buscar elementos a respeito dos fatos e ver se houve uma conduta punível. Havendo esses elementos, abre-se uma sindicância para avaliar a culpa e o peso”, disse o corregedor Marcelo Felisbino.
As declarações foram dadas na manhã desta quarta-feira (30), em coletiva à imprensa.
O corregedor foi questionado sobre uma eventual perda de cargo, especialmente, levando em consideração que o delegado Bruno França se encontra em período de estágio probatório.
“Temos diversas penalidades, como advertências e suspensões. Ele está em estágio probatório, isso conta, já que ele não é um servidor estável e tem que se atentar a esse fato”, disse o corregedor.
“Temos que ter cuidado de não colocar culpa antes do momento. Estamos em uma fase de apurações preliminares”, emendou.
Ainda segundo o corregedor, algumas testemunhas já foram intimidas para prestar esclarecimentos sobre o episódio.
Os policiais do GOE que estiveram na residência da empresária também serão ouvidos e terão suas condutas apuradas, podendo também ser responsabilizados pela ação.
O caso
Tudo teve início em função de um suposto desentendimento entre o enteado do delegado e o filho de Fabiola, quando a família ainda morava no Alphaville I. A fim de evitar mais problemas, a mulher teria se mudado para o Florais dos Lagos.
Porém, na segunda (28), o adolescente teria ido até o atual condomínio da mulher para jogar bola com amigos e eles acabaram se encontrando. O menino então teria ligado para o padrasto relatando ter sido ameaçado. O delgado foi até a residência da mulher para confrontá-la.
Toda a situação foi registrada por câmeras de segurança instaladas na sala da casa da vítima.
Na gravação, de pouco mais de três minutos, é possível ver ele chutando a porta para invadir a residência, manda a mulher deitar no chão sob xingamentos e ameaças.
No vídeo, ainda é possível ouvir o choro e desespero de uma criança de 4 anos, filha da mulher, que estava no local no momento do episódio. Também é possível ouvir o marido da vítima pedindo calma ao delegado.
“A senhora sabe que tem uma medida protetiva para não chegar perto do [cita o nome de um menor]. Vamos sentar aqui e vamos esclarecer isso”, diz o delegado, que começa a caminhar pela sala com arma em punho.
Logo depois, ele volta e fala para o marido da mulher que vai “explodir a cabeça dela”. “Você sabe e a próxima vez que ela chegar perto do meu filho, vou estourar a cabeça dela. Vou explodir a cabeça dessa f* da p*”, diz.
Em nota à imprensa, o delegado Bruno França acusou a empresária Fabiola Cássia Garcia Nunes de “perseguição” contra o enteado dele.