THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
O empresário Valdinei Mauro de Souza, um dos maiores empresários de mineração do País e considerado o “Rei do ouro” em Mato Grosso, foi alvo de um mandado de busca e apreensão, bem como de bloqueios de bens, na Operação Hermes (Hg).
As buscas se estenderam ao genro do empresário e ainda a duas de suas empresas.
A operação foi deflagrada nesta quinta-feira (1º) pela Polícia Federal em Mato Grosso e mais seis estados.
A ação investiga um esquema bilionário relacionado ao contrabando e acobertamento de mercúrio usado em garimpos na Amazônia Legal.
Em nota, o grupo Fomentas Mining Companya, de propriedade de Valdinei, afirmou que a ação da PF se deu em função da compra de mercúrio de duas das empresas investigadas.
“Assim, no que se refere ao empresário Valdinei e seu genro, o motivo das medidas judiciais se limita ao fato de que as fornecedoras de mercúrio são investigadas por suposta importação ilegal”, diz trecho da nota.
“O grupo está tranquilo, pois as aquisições foram realizadas com observância de mais absoluta legalidade, com expedição de nota fiscal e pagamentos via sistema bancário”, acrescenta o documento.
O grupo ainda afirmou que é um dos pioneiros em Mato Grosso a iniciar a eliminação do mercúrio no processo de extração do ouro, inclusive tendo sido premiado por tal iniciativa.
“A Fomentas irá prestar todas as informações para colaborar com as investigações e acredita tanto no trabalho policial quando da Justiça para esclarecer os fatos”, diz trecho da nota.
A operação
A Operação Hermes (Hg) é a maior operação de desarticulação de uso ilegal de mercúrio da história.
No total, são cumpridos cinco mandados de prisão preventiva; nove de prisão temporária (até 5 dias); 49 de busca em municípios nos estados do Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia, incluindo residências, sedes de empresas, depósitos e áreas de mineração.
Além dos mandados, também foram determinados o sequestro e indisponibilidade de bens dos investigados em montante superior a R$ 1.116.000.000, correspondente ao valor calculado de prejuízo ao erário.
As fraudes identificadas e investigadas têm como modus operandi o lançamento de dados falsos no CTF (Cadastro Técnico Federal), que é o sistema de controle de importação e comércio de mercúrio metálico, sob responsabilidade do Ibama. A partir daí a comercialização de créditos virtuais fictícios que acobertam vendas e transporte de mercúrio real sem origem legal.
A investigação aponta para indícios de mais de duas toneladas de mercúrio comercializadas mediante a utilização de métodos criminosos em detrimento dos sistemas de controle do Ibama.
Espera-se que, ao final, mais de cinco toneladas de créditos de mercúrio sem origem sejam eliminados do CTF.