THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
O delegado Marcel Oliveira, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que o empresário Carlos Alberto Bezerra pode pegar mais de 40 anos de prisão pelos assassinatos da ex-companheira Thays Machado, de 44 anos, e o namorado dela, Wilian Cesar Moreno, de 30.
Carlos Alberto é filho do deputado federal Carlos Bezerra (MDB) e está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Marcel concluiu o inquérito na última sexta-feira (27) e indiciou o empresário pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e perseguição majorada.
“As qualificadoras por si só já aumentam de 12 a 20 anos a pena para cada homicídio. Nesse caso, nós temos dois homicídios qualificados tanto da Thays, quanto do Willian. Então, acreditamos que ele pegue uma pena de no mínimo de 40 anos ”, disse em entrevista à Rádio CBN Cuiabá na manhã desta segunda-feira (30).
O delegado contou que o acusado confessou apenas parcialmente os assassinatos e, por isso, haviam algumas dúvidas sobre como tudo ocorreu.
Essas dúvidas, conforme Marcel, foram sanadas durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do acusado, na última segunda-feira (23). No local, Marcel encontrou um verdadeiro “escritório de espionagem” montado pelo empresário para monitorar a ex.
“Durante essa busca e apreensão nós encontramos todas as provas que eram necessárias para demostrar as reais motivações do crime. Nós localização 71 prints de localizações de GPS de endereços que a vítima costumava frequentar e poderia ser localizada com frequência”, disse.
“Localizamos também a agenda de contato da vítima, tudo isso impresso sobre a mesa do escritório. Ele realizava um verdadeiro pente-fino nessa agenda de contatos. Selecionava os prestadores de serviços, as mulheres e os homens. E, em relação os homens, ele adotava um maior cuidado, anotando detalhes de quem seria cada um deles”, acrescentou.
Diante das provas, o delegado afirmou não ter dúvida de que Carlos Alberto planejou minuciosamente o crime, rebatendo a tese apresentada por ele de que teria agido por um descompasso emocional causado pela diabetes.
“Até porque o indiciado não tinha porte de arma de fogo, ele tinha apenas o posse da arma. A partir do momento que ele pega essa arma e sai de casa, ele vai ajustado em busca do resultado final. E o resultado final que ele procurava era justamente matar as vítima”, pontuou.
O crime
Thays Machado e seu namorado, Willian Moreno, foram mortos a tiros no último dia 18 em frente ao Edifício Solar Monet, em Cuiabá.
Eles foram até o edifício, onde mora a mãe dela, para deixar um veículo na garagem.
Ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, as vítimas foram surpreendidas pelo assassino, que conduzia um Renault Kwid, e passou a fazer os disparos contra o casal, que morreu ainda no local.
Carlos Alberto atirou seis vezes contra o casal, atingindo cada vítima com três disparos fatais.
Thays e Willian morreram na calçada do prédio, a poucos metros um do outro.