quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
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APÓS POLÊMICA COM FÁVARO

Agrishow: Bolsonaro discursa para ruralistas e critica homologação de terras indígenas

Ex-presidente usou o mesmo palco do governador de São Paulo, seu antigo ministro

Personagem de um imbróglio que culminou no cancelamento da cerimônia de abertura da principal feira de tecnologia agrícola da América Latina, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um evento do Governo de São Paulo, comandado por seu aliado Tarcísio de Freitas (Republicanos), para discursar nesta segunda (1º) a ruralistas presentes à Agrishow, em Ribeirão Preto (a 313 km de SP).

A organização da feira anunciou no sábado (29) o cancelamento da tradicional cerimônia de abertura após a polêmica envolvendo o “desconvite” ao ministro Carlos Fávaro (Agricultura) para que não comparecesse ao ato, que contaria com a presença de Bolsonaro.

Isso ocorreu em uma conversa entre o ministro e o presidente da feira, Francisco Matturro, que desencadeou uma crise que culminou na ameaça do governo Lula (PT) de o Banco do Brasil cancelar o patrocínio à feira.

Mesmo sem cerimônia oficial, Bolsonaro —em sua primeira viagem pelo país após retornar de um período de três meses nos Estados Unidos— manteve sua programação e desembarcou em Ribeirão pouco antes das 14h deste domingo (30), quando foi recebido por uma multidão no aeroporto.

Após cumprimentar apoiadores, subiu na caçamba de uma camionete e percorreu cerca de 18 km até a fazenda do ruralista Paulo Junqueira, responsável pelo convite para Bolsonaro visitar a feira agrícola.

Nesta segunda-feira, chegou à Agrishow pouco antes das 11h, com um forte esquema de segurança, e entrou no auditório do governo paulista na fazenda que abriga a feira agrícola para dizer que o agronegócio “precisa de políticos que não atrapalhem” o setor.

“Isso que fiz ao longo do meu mandato, com meus ministros”, disse Bolsonaro, que passou a criticar as homologações de terras indígenas assinadas por Lula, a quem chamou de “cidadão que está no Palácio”.

“Vocês devem saber que há 400 pedidos de demarcações de terras indígenas e pelo menos 3.500 de quilombolas. E aquele cara disse que faria o possível para atender os anseios das comunidades. Se 10% forem atendidos, para onde irá nosso agro? Peço a Deus para isso não acontecer”, afirmou Bolsonaro, que discursou por sete minutos e foi saudado diversas vezes como “mito”.

Tarcísio iniciou seu discurso cumprimentando Bolsonaro e disse que “não é mistério para ninguém a gratidão” que tem pelo ex-presidente, que no cerimonial foi apresentado como “presidente”.

“Sempre trouxe para sua equipe os louros, sempre deu o crédito para aqueles que o acompanhavam”, disse o governador.

Tarcísio ainda disse que não vai tolerar invasões de terra em São Paulo e que vai investir em conectividade para eliminar zonas de sombra de sinais de telefonia em todo o estado, como já havia feito sábado (29) na Expozebu, em Uberaba.

Ao terminar o evento, Bolsonaro e Tarcísio, acompanhados pelo senador Marcos Pontes (PL), por ruralistas e por deputados, percorreram ruas da Agrishow, subiram em máquinas e tratores. Numa delas, Bolsonaro abriu uma bandeira e os apoiadores começaram a cantar o hino nacional.

Junqueira disse no domingo não ver problema em não haver um ato solene de abertura e que a “feira estará aberta”, em alusão à abertura dos portões para visitação dos produtores rurais.

A previsão da Agrishow para este ano é negociar mais que os R$ 11,243 bilhões registrados em 2022 em vendas de máquinas agrícolas, de irrigação e de armazenagem (R$ 11,77 bi, em valores atualizados pela inflação).

Da Folha de São Paulo

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