O Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) realizou nesta sexta-feira (2) a primeira captação múltipla de órgãos da unidade. A unidade está sob a gestão do Gabinete Estadual de Intervenção na Saúde.
O doador é um paciente de 22 anos, que deu entrada no hospital no dia 27 de maio deste ano, com traumatismo craniano, após ter sofrido um acidente de trânsito.
A morte encefálica foi confirmada pela equipe do hospital, na quarta-feira (31).
A doação dos rins, fígado e córneas poderá salvar cinco vidas, conforme o diretor técnico do HMC, Ademário Almeida Marinho Junior.
“É um processo complexo porque precisa ser feito em tempo hábil e depende de muitos especialistas, mas é totalmente possível e muito importante para salvar vidas. Acreditamos que essa ação ajude a confortar a família que perdeu o ente querido, ajudando outras pessoas”, pontuou.
A captação dos rins e do fígado foi feita por equipes de São Paulo e Brasília e o explante das córneas por profissionais do HMC.
O transporte conta com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso e da Polícia Militar para a escolta da ambulância até o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande. De lá, os órgãos serão levados para São Paulo.
A responsável técnica de enfermagem das UTIs adulto do HMC, Michelle Soubhia Alonso, afirma que o início do processo de captação de órgãos verifica a gravidade do paciente e o potencial para doação.
“Após constatar a morte encefálica, a equipe da captação é acionada para vir até o hospital e realizar a entrevista com a família sobre a possibilidade de doação. Após autorização da família, o processo tem que ser rápido, por causa da viabilidade dos órgãos”, explicou.
O protocolo da morte encefálica do paciente foi dado por médicos especialistas em neurologia, neurocirurgia, cardiologia, e um intensivista com certificação pelo CIHDOTT, além de toda a equipe de enfermagem.
Para a captação, a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (Central de Transplantes) aciona uma Organização de Procura de Órgão (OPO) da região para examinar o doador, rever o histórico clínico dele, os antecedentes médicos e os exames laboratoriais.
O trabalho durou cerca de 17 horas, o que, segundo a enfermeira Michelle Alonso, foi considerado rápido.