quinta-feira, 7 de novembro de 2024
InícioCidadesVice-prefeito é preso acusado de participar de fraude em concurso público em...
OPERAÇÃO ÁPATE

Vice-prefeito é preso acusado de participar de fraude em concurso público em MT

Antonio Carlos Laudivar Ribeiro (União) teria ajudado na troca dos gabaritos das provas

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quinta-feira (29), a Operação Ápate contra acusados de fraudar o concurso público da Prefeitura de Mirassol d’Oeste.

Entre os alvos está o vice-prefeito de Porto Esperidião, Antonio Carlos Laudivar Ribeiro (União), que foi preso.

Segundo a investigação, coordenada pelas Delegacias de Mirassol d’Oeste e São José dos Quatro Marcos, o político teria ajudado na troca dos gabaritos das provas do concurso.

No total, são cumpridos 84 ordens judiciais entre mandados de prisão, de busca e apreensão, afastamento de sigilo bancário, suspensão de função pública, suspensão de atividade econômica, medidas cautelares de monitoramento eletrônico e bloqueio de bens no valor de R$ 1,6 milhão nas cidades de Glória d’Oeste, São José dos Quatro Marcos, Indiavaí, Araputanga, Rio Branco, Porto Esperidião, Lambari d’Oeste, Cuiabá e Mirassol d’Oeste.

A investigação teve início durante a apuração de um crime de homicídio qualificado contra o advogado e empresário Francisco de Assis da Silva, proprietário do Grupo Fassil, em São José dos Quatro Marcos.

A vítima foi morta com disparos de arma de fogo no dia 11 de outubro de 2021, na frente de seu escritório, por dois atiradores.

Um homem identificado pelas iniciais J.R.P. foi apontado no inquérito como mandante do crime.

Ele teve o celular apreendido na investigação do homicídio e a perícia no aparelho identificou evidências da fraude no concurso público de Mirassol d’Oeste, com informações que traziam como foi o esquema da associação criminosa, os envolvidos diretamente na fraude e o valor pago pelos candidatos que teriam suas vagas supostamente asseguradas.

Realização do concurso

Em 2020, a Prefeitura Municipal de Mirassol d’Oeste lançou o Edital nº 001/2020 para abertura de concurso público de provimento em cargos nos níveis fundamental, médio, técnico e superior.

A vencedora para administrar o certame público foi a empresa Método Soluções Educacionais, com sede em Cuiabá, que realiza concursos para diversos órgãos públicos no estado.

Porém, diante da pandemia da covid-19, o concurso foi suspenso pela prefeitura por meio do Decreto Municipal 3.691/2020. Em 2021, o Edital Complementar 02/2021 da Prefeitura de Mirassol d’Oeste retomou o concurso, com a publicação de novo calendário de provas.

As provas para os cargos de níveis fundamental, técnico e médio foram aplicadas conforme o calendário estabelecido.

Contudo, as provas de nível superior foram remarcadas para 27 de fevereiro de 2022, de acordo com o Edital Complementar 04/2022. O resultado final do concurso foi publicado no dia 04 de maio de 2022 e o certame homologado no dia 11 do mesmo mês, conforme o Decreto Municipal 4.213/2022.

Esquema e valores pagos

J.R.P. foi o responsável por intermediar a compra do gabarito, entre candidatos e o dono da empresa responsável pela realização do concurso. Ele é proprietário de uma empresa que presta serviços para prefeituras na região Oeste do Estado.

As diligências realizadas pelas Delegacias de Mirassol d’Oeste e de SJQM apontaram que no dia 21 de janeiro de 2022, ou seja, antes mesmo da aplicação das provas do concurso, J.R.P., já tinha a relação com os nomes de 35 aprovados. Mas as provas só seriam realizadas mais um mês depois, em 27 de fevereiro.

No decorrer das investigações, a Polícia Civil identificou vários pagamentos pela compra de vagas por parte das pessoas que constavam na lista encontrada com o operador do esquema. O valor cobrado pelos responsáveis pelo esquema fraudulento foi de 10 vezes o salário do cargo. Por exemplo, o salário inicial para o cargo de agente administrativo é de R$ 2.702,31 e a pessoa que supostamente ficaria com a vaga pagou R$ 27 mil à quadrilha.

Os salários mais altos, conforme o edital, eram para os cargos de auditor público interno, no valor de R$ 7.038,25 e de médico em várias áreas de especializações, no valor de R$ 18.728,15.

Além de J.R.P e o vice-prefeito de Porto Esperidião, também foram presos o proprietário da empresa realizadora do concurso e a chefe de gabinete da Prefeitura. A mulher também teve a suspensão do cargo determinada judicialmente.

Ordens judiciais

Foram deferidas pela Justiça:

07 ordens de bloqueio de bens (valor aproximado de R$ 1,6 milhão);
09 medidas cautelares de monitoramento eletrônico;
18 afastamentos de sigilos bancários;
01 suspensão de exercício cargo público;
05 suspensão de atividade econômica, entre elas a da empresa realizadora do concurso;
40 buscas domiciliares;
04 prisões preventivas

Nome da operação

Ápate, na mitologia grega, era um espírito que personificava o engano, o dolo e a fraude. Narra a mitologia que Ápate foi um dos espíritos, junto com seu correspondente masculino, Dolos, o espírito das ardilosidades, que saiu da caixa de Pandora.

Apoiam a operação Ápate as delegacias da Regional de Cáceres e de Pontes e Lacerda, Delegacia Especializada de Fronteira, Diretoria Metropolitana e Politec.

Mais lidas nesta categoria
- Publicidade -spot_img

Siga-nos nas redes sociais

31FãsCurtida
18,052SeguidoresSeguir
3,191SeguidoresSeguir
597InscritosInscreva-se