quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
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"POTENCIALIZOU FERIDAS"

CNJ apura conduta de juiz que deu voz de prisão para mãe de filho assassinado

O episódio ganhou repercussão há duas semanas quando o trecho da audiência passou a ser divulgado nas redes sociais

A Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) determinou a abertura de reclamação disciplinar para apurar a conduta do juiz Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, que deu voz de prisão à mãe de uma vítima que se manifestou contra o acusado de assassinar seu filho, em uma audiência no mês de setembro.

Na decisão, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, frisou que Perri não teria zelado pela integridade psicológica da mulher “que também é vítima, ao menos indireta, do crime, pois é mãe da pessoa falecida”.

Para o ministro, o juiz do TJMT “não só não procurou reduzir os danos já tão graves experimentados pela depoente, como potencializou suas feridas, ao permitir que o ato se tornasse absolutamente caótico, findando com a prisão da declarante.”

Ele observou ainda que o magistrado agiu de forma truculenta com a promotora que acompanhava a audiência, em possível violação ao dever de cortesia com os membros do Ministério Público, conforme prevê o art. 22, Código de Ética da Magistratura Nacional.

A Corregedoria-Geral da Justiça de Mato Grosso também abriu uma investigação contra o juiz. Segundo o órgão, o procedimento tem prazo de 140 dias e tramita em sigilo.

O caso

O episódio ganhou repercussão há duas semanas quando o trecho da audiência passou a ser divulgado nas redes sociais.

Tudo começou quando a mãe foi perguntada pela promotora do caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, se estava confortável em prestar depoimento na frente do suposto assassinado do filho dela, Jean Richard Garcia Lemes, que responde a ação em liberdade.

“Não, por mim ele pode ficar aí, para mim ele não é ninguém”, respondeu a mulher.

Logo após a fala da mulher, o advogado do réu interveio pedindo respeito ao acusado e, em seguida, o juiz passa a repreender a mãe.

Quando a audiência foi encerrada, a mãe do jovem assassinado se levantou e jogou um copo de plástico que segurava. Em seguida, segundo a promotora, ela se voltou ao réu e disse: “da Justiça dos homens você escapou, mas da justiça Deus não escapa”. Neste momento, ela recebeu voz de prisão.

Depois disso, a mulher permaneceu no fórum por quatro horas após o encerramento da sessão, pois, segundo Marcelle, o juiz só lançou a ata no sistema às 20h. Na sequência, a mãe foi conduzia para delegacia, onde prestou depoimento e foi liberada.

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