quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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OPINIÃO

Inclusão financeira gera prosperidade

Cooperativas estão presentes em locais onde as instituições financeiras tradicionais não têm interesse de estar pela distância, falta de infraestrutura e baixo potencial econômico

Em um momento em que a palavra inclusão está presente em diferentes pautas da sociedade, com intuito de promover reflexões para transformações, hoje estamos aqui para mostrar como o cooperativismo de crédito contribui para inclusão financeira no Brasil. Definida como a disponibilidade de serviços financeiros a pessoas e empresas, mais do que abrir uma conta, essa inclusão acontece quando há o acesso efetivo a produtos e serviços, com igualdade de oportunidades entre as pessoas e empreendimentos, e reflete no desenvolvimento local.

É justamente com esse objetivo que o cooperativismo de crédito atua. Com mais de 120 anos de história no Brasil – tendo o Sicredi como pioneiro -, esse modelo de negócio tem as pessoas ao centro. Não visa lucro e sim o desenvolvimento de todos. Os associados são os sócios/donos das cooperativas, participam das decisões e dos resultados, o que traz benefícios à comunidade.

Dados do Banco Central (maio/2023) apontam que o número de pessoas adultas com conta em banco saltou 272% em uma década. Passou de 50,6 milhões em 2012 para 188,3 milhões em 2022. O crescimento reduziu a taxa de desbancarização (de 48% para 16% no período). Apesar do avanço, o desafio é as pessoas usarem os produtos e serviços de forma sustentável. Afinal, ter uma conta em banco não significa que a pessoa contratará crédito, seguro, consórcio ou terá aplicações. Pode até ocorrer o efeito inverso: pela falta de educação financeira, o acesso se transformar em inadimplência, o que não queremos.

Com cerca de 17 milhões de associados no Brasil, as cooperativas de crédito mantêm mais de 9 mil agências. Estão presentes em locais onde as instituições financeiras tradicionais não têm interesse de estar pela distância, falta de infraestrutura e baixo potencial econômico. Características que desafiam e motivam as cooperativas a estarem lá, a abrirem agências, enquanto os bancos fecham pontos de atendimento.

Para se ter uma ideia, o Sicredi está presente em mais de 350 cidades brasileiras com até 5 mil habitantes. Possui agências em 650 municípios com até 10 mil habitantes e está presente em 1.371 cidades com até 50 mil pessoas. São mais de 7 milhões de associados, atendidos por mais de 2,5 mil agências espalhadas por aproximadamente 1,8 mil cidades do País.

Por que fazemos isso? Porque sabemos que o cooperativismo de crédito tem o poder de transformar. O interesse e os efeitos positivos da atuação do Sicredi nas pequenas comunidades foram comprovados em estudos da série Benefícios do Cooperativismo, conduzidos em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e o pesquisador Juliano Assunção, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico.

Enquanto bancos tradicionais alegam viabilidade a partir de 8 mil habitantes para abrir uma agência, o Sicredi consegue estabelecer agências em municípios a partir de 2,3 mil habitantes. As cooperativas operaram em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões, enquanto para bancos públicos e privados estabelecem o mínimo de R$ 146 milhões e R$ 220 milhões, respectivamente.

Outro estudo, intitulado de ‘A Efetividade do Cooperativismo’, mostra que a presença física é fundamental para inclusão financeira, de fato. Foi comprovado que o funcionamento de uma agência Sicredi eleva em 25% o acesso a produtos financeiros dos associados em dois anos, em relação a quem não conta com agência na cidade. A pesquisa indicou impactos positivos na melhora do comportamento financeiro, pois enquanto 33% dos associados mantêm recursos na poupança no momento da associação, e 13% em depósitos a prazo, após 10 anos de relacionamento, esses índices passam, respectivamente, para 51,2% e 49,4%.

O perfil dos associados do Sicredi também revela a atuação para o desenvolvimento e a prosperidade. Do total de 7 milhões de associados, 74,5% são pessoas físicas, que somam mais de 5,2 milhões de pessoas. Dessa quantidade, aqueles com renda até R$ 4 mil são maioria (4,064 milhões de associados), cerca de 78% do total. O segmento agro possui mais de 765 mil associados, sendo que 85% deles são da agricultura familiar. No segmento empresarial são cerca de 1 milhão de associados, dos quais 83% são dos portes MEI/Micro e pequenas empresas.

O processo de inclusão é tão importante que faz parte de uma agenda firmada pelo Banco Central na Agenda BC# com as instituições financeiras para ampliar o acesso aos produtos e serviços financeiros por parte dos brasileiros. Diante do nosso vasto território, o BC conta com um esforço e compromisso das cooperativas de crédito para alcançar as metas traçadas, pois temos por vocação e motivação o interesse pelas comunidades menores e bairros desassistidos, para fazer a diferença na vida das pessoas e ajudá-las a prosperar por meio do uso de produtos e serviços financeiros de forma sustentável.

João Spenthof é presidente da Central Sicredi Centro Norte e vice-presidente da OCB/MT (Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Mato Grosso).

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