Uma economia local sustentável conta com o acesso de mais pessoas e empresas a produtos e serviços financeiros, favorecendo assim um fenômeno conhecido como inclusão financeira. O cooperativismo de crédito tem atuação importante nesse processo, pois mantém o dinheiro na mesma localidade onde foi originado.
O papel das cooperativas em fortalecer a inclusão financeira, aliás, foi analisado pelo professor Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da PUC Rio. A pesquisa mostrou que as cooperativas impulsionam tal fenômeno ao levarem crédito e serviços financeiros para a população de municípios menores, afastados das capitais.
Segundo a pesquisa, cooperativas de crédito como o Sicredi, primeira instituição financeira cooperativa do Brasil, têm potencial de bancarizar quase 2 mil novos municípios, chegando a 9 milhões de pessoas que dificilmente seriam atendidas.
Isso porque, enquanto bancos tradicionais têm, em média, um limite mínimo de 8 mil habitantes para abrirem uma agência, o Sicredi tem capacidade de abertura em municípios a partir de 2,3 mil habitantes, operando em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões. Para os bancos públicos, é necessário um PIB mínimo de R$ 146 milhões e para um banco privado, de R$ 220 milhões.
“Os dados demonstram que as cooperativas podem ser um excelente veículo para levar crédito e outros serviços financeiros para a população de municípios rurais menores, mais afastados das capitais e com menos renda por habitante”, afirma Assunção em seu estudo.
Atualmente, as agências Sicredi estão:
- 50% em municípios com até 12 mil moradores;
- 50% a mais de 285 km das capitais, trazendo conveniência;
- 17% em municípios de baixa urbanização.
Economias locais são as mais favorecidas
Outro estudo recente, este desenvolvido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), mostra o impacto positivo do cooperativismo de crédito, analisando mais de 20 anos de dados, entre 1994 e 2017, e cruzando informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a análise, no período, as cooperativas de crédito contribuíram para a criação de 79 mil novas empresas, gerando mais de 278 mil empregos e colocando mais de 48 bilhões de reais na economia do país.
Essa inclusão financeira de famílias, pequenos produtores e empresas cria um ciclo virtuoso que fomenta o empreendedorismo local, reduz desigualdades econômicas e aumenta a competitividade e a eficiência no sistema financeiro nacional.
O estudo, que avaliou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativas de crédito, concluiu ainda que o cooperativismo de crédito é capaz de incrementar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, criando 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumentando o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%.
Para João Spenthof, presidente da Central, a participação dos associados nas decisões de uma cooperativa de crédito é o grande diferencial desse modelo de negócio, favorecendo a inclusão financeira de uma parcela maior da população. “Desenvolver um relacionamento próximo com o associado é um alinhamento importante para o Sicredi, pois isso favorece o desenvolvimento das comunidades onde a cooperativa está inserida.”
Sicredi: mais de um século de atuação
O cooperativismo de crédito é um modelo de negócio presente em 118 países, segundo relatório do Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (Woccu 2018), reunindo mais de 274 milhões de associados e ultrapassando a marca dos US$ 2,19 trilhões em ativos.
No Brasil, de acordo com o Banco Central, o cooperativismo de crédito está presente em quase metade (47%) das cidades e representa 2,7% dos ativos totais do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
As cooperativas são, aliás, parte da história recente do Brasil. O início do Sicredi remonta a 1902, quando foi criada em Nova Petrópolis (RS) a primeira Cooperativa de Crédito da América Latina, a SICREDI Pioneira RS, que operava junto a pequenas comunidades rurais ou pequenas vilas. Isso marcou a chegada de uma nova forma de organização econômica ao país, consolidando-se como um sistema de crédito cooperativo de abrangência nacional.
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