sábado, 21 de dezembro de 2024
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OPERAÇÃO USURPARE

MPE denuncia ex-prefeito, esposa, filhos e mais dois por esquema de R$ 15 milhões

Eles são acusados de montar esquema para adquirir e revender imóveis públicos em Confresa

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou seis pessoas pelos supostos crimes de obtenção de vantagem ilícita, com prejuízo alheio, por meio de fraude. Entre os denunciados estão o ex-prefeito de Confresa, Gaspar Lazari, sua esposa e filhos, além de dois servidores do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

As denúncias são fruto da Operação Usurpare, deflagrada em março deste ano com o objetivo de apurar crimes na aquisição e revenda de imóveis públicos em Confresa.

Com as informações levantadas durante a operação, o MPF calculou que as operações imobiliárias com os imóveis públicos ultrapassem o montante de R$ 15,1 milhões.

O início de tudo foi a realização da Operação Tapiraguaia, deflagrada em 30 de janeiro de 2019. Com a análise do material apreendido nessa operação, verificou-se a atuação de um grupo que conseguiu arrecadar lucros volumosos por meio de transações imobiliárias envolvendo imóveis públicos, em especial, áreas em projetos de assentamentos, tanto em zona de consolidação urbana quanto em zona rural. O esquema tinha participação de servidores do Incra e da Prefeitura de Confresa.

Conforme a denúncia, o maior beneficiário desse esquema atuava de forma direta enquanto era o prefeito e indireta, utilizando-se de sua influência política nos órgãos públicos responsáveis pela regularização dos imóveis comercializados.

As investigações revelaram que o prefeito adquiriu imóveis do Programa Nacional de Reforma Agrária, mediante a inserção de dados falsos em formulários do Incra, com a ajuda de servidores da instituição.

Ainda conforme o MPE, o ex-prefeito conseguiu adquirir um lote do Projeto de Assentamento Independente I utilizando o nome de sua filha, omitindo a idade desta e apresentando declarações falsas nos formulários do Incra.

No caso, a filha tinha apenas 17 anos quando foi homologada como assentada, em 2004. Os servidores do Incra, denunciados como participantes do grupo, realizaram vistoria no lote e consignaram no documento que a filha do ex-prefeito ocupava o imóvel desde 10 de agosto de 1988 e que ela era titular da posse do imóvel rural.

“Chama atenção o fato de que (a pessoa) nasceu em 29/06/1987, ou seja, a requerente foi considerada como assentada desde quando tinha apenas 01 ano e 42 dias de nascida. Para não ter impedimento legal, foi inserido no espelho Sipra de (…) que sua data de nascimento ocorreu em 01/011910. Mesmo em conferência de dados, a sua data de nascimento não era observada pelos servidores do Incra”, ressaltou o MPF na denúncia.

Em relação ao dano moral coletivo, o MPF entende por devida a mesma quantia referente ao dano material, ou seja, R$ 15,1 milhões.

Com base nisso, o MPF pede na denúncia que, caso condenados, seja fixado o valor de R$ 30,3 milhões  a ser restituído a título de prejuízo causado.

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