A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (28), a Operação Sangradouro contra uma associação criminosa que operava um grande esquema de fraudes previdenciárias em aposentadorias ilegais de indígenas.
A suspeita é de um rombo de R$ 64 milhões.
Ao todo, foram expedidas 19 ordens judiciais pela Justiça Federal em Barra do Garças, sendo 16 mandados de busca e apreensão, duas ordens judiciais de afastamento temporário das funções públicas e um mandado de prisão preventiva.
As ordens foram cumpridas em Barra do Garças, Primavera do Leste, Poxoreu e Cuiabá.
Esquema
Integrada por servidores públicos da FUNAI, cartorários, proprietários de correspondentes bancários e lideranças indígenas locais, a organização criminosa contava com a conivência de centenas de pessoas que obtiveram documentos falsos, a partir da adulteração de informações de identificação.
Dentre os itens adulterados, em especial, a data de nascimento, para que fossem requeridas aposentadorias por idade ilegais.
Considerando a expectativa de vida média do brasileiro de 77 anos, conforme dados oficiais do IBGE, o prejuízo a ser evitado com a operação ultrapassa R$ 260 milhões com a suspensão dos pagamentos ilícitos.
Documentos falsos
A fraude previdenciária iniciava-se com a expedição de documentos com dados falsos realizada por servidores da FUNAI.
Eram emitidos o “Registro Administrativo de Nascimento de Indígenas” (RANI) e a “Certidão de Exercício de Atividade Rural”, ambos com adulteração de dados, em especial a idade dos indígenas, para simular o atendimento da idade mínima para aposentadoria por idade rural: 60 anos para homem e 55 anos para mulher.
A partir dessa falsidade inicial, os indígenas favorecidos pelo esquema usavam o RANI para a realização de registro de nascimento tardio em cartório, com a emissão de certidões de nascimento que, em seguida, serviam de lastro para a solicitação de diversos outros documentos públicos, tais como CPF e RG.
Na sequência, compareciam a uma agência do INSS para requerer aposentadoria por idade, fazendo uso de todos os documentos falsos providenciados pelo esquema criminoso.
As investigações evidenciaram que os documentos ideologicamente falsificados eram comumente emitidos em intervalos de tempos muito curtos, poucos meses antes da apresentação do requerimento à Previdência Social.
Na sequência, os fraudadores ainda buscavam correspondentes bancários para obtenção de empréstimos consignados atrelados a essas aposentadorias, sempre no limite máximo da margem consignável, potencializando o prejuízo da fraude perpetrada.
Crimes
Até o momento, foram identificados 552 falsos indígenas aposentados em todo o Estado, com a perspectiva de novos identificados a partir da deflagração da Operação.
Os investigados poderão responder pelos crimes de falsificação de documentos, estelionato previdenciário, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistema de informação do Governo Federal.