Dez bairros de Cuiabá concentram 18,5% das ocorrências de violência doméstica atendidas pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher da Capital (Dedm) durante o ano passado. Os dados estão reunidos no 4o Anuário Estatístico 2020 da unidade divulgado nesta última sexta-feira (30) pela Polícia Civil.
O documento organizado pela delegacia especializada traz o perfil socioeconômico das vítimas atendidas, assim como dos agressores, com base nas informações coletadas pela equipe de atendimento.
Os bairros com maior número absoluto de registros são o Pedra 90, com 75 registros, seguido pelo Dom Aquino (45); Dr. Fábio e Tijucal (38); CPA 4 (37); Jardim Imperial; Santa Isabel; CPA 3; Centro Sul e Boa Esperança.
A delegada titular da DEDM Cuiabá, Jozirlethe Magalhães Criveletto explica que embora os dez bairros citados concentrem a maior parte das ocorrências, há registros de violência doméstica na maioria da cidade.
“Isso não significa que não tenha havido ocorrências em outros bairros que não aparecem nas estatísticas. A violência doméstica está pulverizada e em todas as camadas sociais”, explica.
Perfil das vítimas
Em relação ao perfil das vítimas atendidas pela DEDM durante o ano passado, o anuário traz informações como declaração da cor, estado civil, faixa etária, escolaridade, profissão, se tem filhos e vínculo com o agressor.
A maioria das mulheres que busca o atendimento da DEDM está na faixa de idade entre 35 e 45 anos e se declara parda. O estado civil é solteira, o que representa aproximadamente 37% do total de vítimas atendidas. São mulheres jovens, que buscam auxílio para sair do ciclo da violência e muitas vezes necessitam de uma ocupação com rendimento financeiro para conseguir superar a situação violenta.
A Delegacia da Mulher não é apenas o lugar onde a mulher agredida, submetida a abusos e violência de todas as formas procura atendimento para a repressão ao crime sofrido. É o lugar onde elas buscam acolhimento e amparo para recomeçar.
“A delegacia também procura trabalhar ações que possam auxiliar as vítimas nesse sentido, mas é fundamental que a rede de acolhimento, com todos os órgãos, funcione amplamente”, pontua a delegada.
A escolaridade declarada pelas mulheres atendidas pela delegacia é de ensino médio completo, concentrando 41,6% de registros. Já mulheres com ensino superior alcançou o percentual de 25,3% de registros.
Somando os dois percentuais ao de vítimas que informaram ter o ensino superior incompleto, o total é de 67% das vítimas que possuem, no mínimo, o ensino médio enquanto apenas 1,8% das vítimas se declararam não alfabetizadas.
A titular da DEDM observa que mesmo que a maioria tenha uma capacitação mínima que pode buscar uma oportunidade de trabalho, há que se entender o que está por trás e impede essa mulher de buscar a independência financeira.